sábado, 27 de junho de 2009

Casa Branca

Estava a folhear o DN no café, quando um suplemento sobre a vida de Sophia de Mello Breyner Andresen me chamou a atenção. Comecei a ler e foi este pequeno poema que ficou em mim e que aqui deixo...

CASA BRANCA

Casa branca em frente ao mar enorme,
Com o teu jardim de areia e flocos marinhas
E o teu silêncio intacto em que dorme
O milagre das coisas que eram minhas.

A ti eu voltarei após o incerto
Calor de tantos gestos recebidos
Passados os tumultos e o deserto
Beijados os fantasmas, percorridos
Os murmúrios da terra indefinida.

Em ti renascerei num mundo meu
E a redenção virá nas tuas linhas
Onde nenhuma coisa se perdeu
Do milagre das coisas que eram minhas.


Sophia de Mello Breyner Andresen
in Poesia I (1944)

Sem comentários:

Enviar um comentário